Com apoio de softwares e algoritmos, ferramenta de predição genética eleva em até 88% a produtividade do gado leiteiro 

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Em um cenário de margens apertadas e desafios climáticos, a tecnologia genética vem se consolidando como aliada estratégica da pecuária leiteira. Com ferramentas que integram biotecnologia, algoritmos e softwares de análise de dados genômicos, o produtor pode agora avaliar melhor o seu rebanho, possibilitando a criação de animais que sejam melhor adaptados à região, mais fortes e mais produtivos.

De acordo com levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, por meio do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), o uso de ferramentas genômicas promoveu um salto expressivo de produtividade: entre 2000 e 2022, a produção média de leite em 305 dias cresceu em 88%, passando de 3.683 kg para 6.930 kg por vaca.

Esse avanço é resultado direto da integração entre ciência e campo. Desde 2011, a Zoetis, empresa de saúde animal, mantém uma parceria de longa data com as duas instituições, junto com a CRV Lagoa, que culminou no lançamento do Clarifide Girolando em 2018 — primeira ferramenta de seleção genômica desenvolvida no Brasil para bovinos leiteiros.

Desde então, produtores de pequeno, médio e grande porte passaram a contar com uma ferramenta de alta precisão, com acesso a dados genéticos confiáveis em aproximadamente 60 dias, possibilitando que tomem decisões mais assertivas na seleção de fêmeas e reprodução de seus rebanhos. “Com o uso da genômica, o produtor investe onde realmente vale a pena, evitando custos com vacas e novilhas de menor desempenho e direcionando o uso de tecnologias como sêmen sexado, Fertilização In Vitro e Transferência de Embriões com base em dados concretos”, afirma Juliano Melo, Gerente de Produto da linha de genética da Zoetis.

Tecnologia a favor da adaptação e eficiência

A escolha da raça Girolando para o desenvolvimento do produto não foi por acaso. Reconhecida como uma das mais difundidas no mundo, a Girolando se destaca por sua alta produtividade, qualidade do leite e fertilidade. No contexto brasileiro, essas qualidades se tornam ainda mais valiosas: a raça oferece excelente adaptação às variações climáticas e maior resistência a doenças - fatores essenciais para a sustentabilidade da produção leiteira em um país de clima tropical.

A avaliação genética é realizada a partir de uma amostra de pelos, da qual se extrai o DNA do animal. A leitura genética é feita por meio de chip especializado, que interpreta os marcadores genômicos e permite calcular os valores genéticos com precisão. Com esses resultados, o produtor consegue identificar desde cedo os animais com maior potencial para produção e capacidade reprodutiva, otimizando o manejo e direcionando melhor os seus investimentos.

“Diversas variáveis impactam a capacidade produtiva de um rebanho, como nutrição, sanidade e manejo, mas hoje, com apenas uma amostra de pelo, já é possível predizer o potencial produtivo e reprodutivo dos animais. Isso permite ao pecuarista tomar decisões com mais clareza e gerar insights de alto valor, especialmente na seleção de fêmeas do rebanho”, destaca Melo.

Segundo o Gerente de Produto, essas tecnologias trouxeram ao produtor a mesma segurança genética na seleção de fêmeas que, por muito tempo, esteve restrita à avaliação de touros por meio dos sumários. “Agora, o programa de seleção da fazenda ganha mais equilíbrio, previsibilidade e retorno. As avaliações genômicas presentes no Sumário Nacional de Vacas Girolando, por exemplo, já alcançam acurácias superiores a 80%, garantindo alto nível de confiabilidade e comparável ao observado nos sumários tradicionais de touros”, reflete.

E a tendência é clara: o uso de tecnologias genômicas no campo veio para ficar. “A genética na reprodução do rebanho deixou de ser uma aposta para se tornar uma estratégia consolidada – clara, confiável e decisiva para o futuro do rebanho. Com ela, é possível identificar com precisão os animais com maior potencial, o que se traduz em melhores resultados no campo, menos desperdício de recursos e mais retorno sobre o investimento. É a ciência trabalhando a favor da rentabilidade, do bem-estar animal e da sustentabilidade da atividade leiteira”, finaliza Melo.