Tecnologia acelera mapeamento automático de viveiros escavados no Brasil
Postado por Redação em 18/03/2025 em NotíciasTecnologia utiliza imagens de satélite e inteligência artificial para identificar as áreas de piscicultura
40% dos viveiros paranaenses estão na região de Curitiba e no Oeste do estado. Reprodução
A Embrapa e parceiros, por meio da Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (UMIPI) Oeste Paranaense, estão utilizando nova metodologia para mapear automaticamente viveiros escavados, sistema de produção que prevalece no Brasil. A solução concilia o uso de imagens de satélite de alta resolução, índices espectrais, classificação orientada a pixels com Random Forest (um algoritmo classificador de aprendizado de máquina) e filtros de atributos geométricos.
Com a tecnologia foi possível obter dados inéditos em larga escala sobre a aquicultura brasileira. A técnica foi aplicada no Paraná, principal estado produtor e exportador de peixes do País.
Os detalhes do estudo foram recentemente publicados na revista internacional Aplicações de Sensoriamento Remoto: Sociedade e Meio Ambiente. “No estudo realizado, conseguimos automatizar o processo de mapeamento com um índice de 90% de acerto,” conta a geógrafa Marta Ummus, da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), que participou da pesquisa.“Isso não significa dizer que não é necessária uma validação humana (a máquina não vai substituir as pessoas), mas que reduzimos 90% de nossos esforços para o mapeamento. Trata-se de um trabalho pioneiro no Brasil”, completa.
Segundo ela, até agora as metodologias usadas baseiam-se em interpretação visual de imagens de satélite ou em métodos semiautomáticos, que geram grandes massas de dados para validação dos algoritmos, mas costumam ser mais trabalhosos e demandar mais especialistas nesse processo.
O artigo relata que a metodologia foi implementada na plataforma Google Earth Engine (GEE) e utilizou imagens de satélite do programa Iniciativa Internacional da Noruega para o Clima e Florestas (NICFI). O processo envolveu classificação orientada a pixels de imagens de satélite e a utilização do algoritmo Random Forest (RF) para classificação, com base em 1,2 mil amostras de treinamento. “Propusemos uma metodologia inédita no País para mapear, de forma automática, áreas de piscicultura em viveiros escavados. Diferentemente de outros países, principalmente asiáticos, o Brasil não contava com uma metodologia que extraísse os viveiros escavados para áreas continentais interiores”, acrescenta Bruno Silva, pesquisador do Biopark Educação na Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (Umipi) do Oeste do Paranaense.
A pesquisa localizou 42.369 tanques de aquicultura (em 13.514 empreendimentos aquícolas), que somam 11.515 hectares de lâmina d’água. Aproximadamente 40% dessas estruturas ficam em duas (Oeste e Metropolitana de Curitiba) das dez mesorregiões analisadas e ocupam 40% da superfície de água utilizada pelos aquicultores paranaenses.
Na mesorregião Oeste, onde se concentram os principais municípios produtores do Paraná (com destaque para Nova Aurora, Palotina, Toledo e Assis Chateaubriand), estão 24% dos viveiros. Além disso, há por ali uma infraestrutura de produção já estabelecida, com cooperativas agroindustriais compondo a cadeia produtiva de valor. Certamente, esses dados estão relacionados e explicam parte do sucesso da atividade.
Na outra ponta, estão as mesorregiões Centro-Oriental (com 6% da área e da quantidade de tanques), Noroeste (que responde por 5%) e Centro-Oeste (com 4%). Juntas, quase equivalem aos 16% da mesorregião Metropolitana de Curitiba. Destacam-se, ainda, as mesorregiões Sudeste e Sudoeste, que somam 17% de tanques destinados. Essa divisão considerada no estudo é a definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Outro dado obtido por meio do mapeamento feito pela Embrapa e por parceiros mostra que, dos 5.621 empreendimentos aquícolas paranaenses, mais da metade estão na mesorregião Oeste, que conta com 2.884 (ou mais de 51% do total). Já a mesorregião Sudoeste tem 14% do total desses empreendimentos. Ou seja, quase dois terços (cerca de 65%) da atividade aquícola no Paraná em viveiros escavados concentram-se nessas duas mesorregiões. Nas demais, a atividade ainda não se encontra no mesmo estágio de desenvolvimento.