Rastreabilidade individual de bovinos e búfalos fortalece defesa sanitária do Paraná
Postado por Redação em 16/06/2025 em NotíciasProdutores envolvidos com o Programa Pecuária Moderna terão mais facilidade na adaptação às novas exigências
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O Brasil se prepara para dar um passo inédito na rastreabilidade dos rebanhos bovino e bubalino. Com o lançamento do Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), cada animal passará a ter um código de identificação único, válido em todo o território nacional. A medida torna o controle sanitário mais preciso, amplia a transparência na rastreabilidade e eleva a competitividade da pecuária brasileira no cenário global.
Na prática, será como criar uma “carteira de identidade” – e também um “passaporte” – para cada bovino e bubalino, reunindo informações sobre origem, manejo e deslocamentos ao longo da vida do animal em uma plataforma unificada. A implementação será gradual, com prazo até 2032. Os pecuaristas serão os responsáveis por registrar os dados na plataforma, incluindo número de animais, movimentações e vacinação.
A identificação individual representa um avanço na capacidade do país de responder rapidamente a emergências sanitárias. A nova ferramenta responde às exigências de mercados internacionais mais rigorosos, além de reforçar a segurança alimentar.
“A retirada da vacinação contra a febre aftosa no Brasil tornou ainda mais urgente a adoção de ações rápidas e eficazes de controle sanitário. A identificação individual dos animais é uma medida estratégica para reforçar a credibilidade da nossa produção, abrir novos mercados e garantir a sanidade do rebanho”, destaca Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP.
Nos dois primeiros anos, o foco será o desenvolvimento de um sistema informatizado em âmbito federal e a integração das bases estaduais. A partir de 2027, animais que passarem por manejo sanitário ou forem incluídos em protocolos privados serão identificados. Em 2030, a exigência será estendida a todos os animais movimentados fora das propriedades, permitindo a rastreabilidade completa do rebanho, que torna-se obrigatória após 2032.
Vigilância reforçada no Paraná
A nova medida representa ganhos para o Paraná, que possui um rebanho de cerca de 8,5 milhões de cabeças, distribuídas em 170 mil propriedades. Com a identificação individual, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) passará a contar com dados mais precisos, ganhando agilidade para agir em situações de risco sanitário.
Hoje, o controle é feito por lotes, por meio da Guia de Trânsito Animal (GTA). Embora funcione no Paraná, esse modelo ainda apresenta limitações em situações que exigem respostas rápidas, como surtos epidemiológicos. “A rastreabilidade por lotes não oferece a precisão necessária em casos de doenças de alto risco. Muitas vezes, a movimentação de um único animal pode representar um risco sanitário, e sem saber sua origem exata, o tempo de resposta fica comprometido”, explica Rafael Gonçalves Dias, gerente de Saúde Animal da Adapar.
Além de fortalecer a vigilância, a identificação individual atende diretamente às exigências comerciais internacionais. “Trata-se de uma resposta a um mercado global cada vez mais rigoroso quanto à origem e ao bem-estar dos animais. Países como Japão, Coreia do Sul e China já exigem esse tipo de controle para importar carnes, inclusive suína. Portanto, estamos falando de um investimento na competitividade da pecuária brasileira”, complementa Dias.
A nova ferramenta também muda a lógica dos protocolos de emergência sanitária. Atualmente, diante da ocorrência de doença grave, o Mapa adota o autoembargo, suspendendo as exportações em todo o território. Com um sistema robusto de rastreabilidade individual, a resposta poderá ser localizada, restringindo a medida apenas à região afetada.
“O controle detalhado permite identificar e isolar rapidamente os focos de doença, facilitando a retomada do status sanitário do país. Isso também oferece mais transparência para os mercados compradores e evita medidas mais drásticas como o autoembargo”, acrescenta o gerente da Adapar. Além dos ganhos em biosseguridade e competitividade, a medida tende a beneficiar diretamente os produtores rurais, aprimorando o manejo e a gestão das propriedades. “Com dados individualizados, será possível melhorar a gestão zootécnica, acompanhar com mais precisão o desempenho do rebanho e tomar decisões mais assertivas sobre nutrição, sanidade e reprodução”, conclui Dias.