Tecnologia impulsiona individualização do crédito agrícola em 2025, aponta especialista
Postado por Redação em 29/01/2025 em EntrevistaEspecialista analisa o cenário e principais tendências para o setor neste ano
Victor Cardoso, Head Comercial da fintech Agree. Reprodução: Redes Sociais
Segundo Victor Cardoso, Head Comercial da fintech Agree, a tecnologia será uma importante impulsionadora do avanço da individualização do crédito agrícola em 2025. Esse processo promete oferecer soluções mais precisas e acessíveis, impulsionando a gestão financeira dos produtores rurais.
Em 2024, produtores rurais enfrentaram desde a questão econômica, com a alta da Selic, juros altos e aumento dos pedidos de recuperação judicial, além das questões climáticas que impactaram diretamente a produção. O PIB do agronegócio brasileiro, calculado pelo Cepea, seguiu em queda no segundo trimestre, com baixa de 1,28%, acumulando retração de 3,5% no ano passado. Para 2025, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima um crescimento de 5%.
“Ferramentas como inteligência artificial e análise de dados devem permitir que as instituições financeiras ofereçam condições mais adaptadas à realidade de cada produtor. Além disso, a sustentabilidade será uma prioridade, com maior número de linhas condicionadas ao cumprimento de critérios sustentáveis. Quem não se adequar às regras pode ter o seu financiamento suspenso também. Outro ponto relevante será a influência de políticas governamentais, que podem alterar os subsídios e as condições de financiamento”, explica.
A volatilidade econômica sempre traz desafios, principalmente em relação à previsibilidade do custo do empréstimo e do câmbio. Segundo a avaliação da CNA, a política monetária preocupa devido às expectativas inflacionárias, com a esperada manutenção da taxa Selic em patamar elevado (existe a projeção de 13,50% ao final do próximo ano). “Um cenário de juros altos pode limitar o acesso ao financiamento, sobretudo para pequenos e médios produtores. Entretanto, os mais estruturados tendem a buscar linhas alternativas para alongamento das dívidas e investimentos mais robustos, como linhas do mercado de capitais”, analisa Cardoso.
O câmbio também é um dos fatores macroeconômicos mais relevantes para o agronegócio, influenciando tanto os custos quanto a receita das operações. Ele afeta a competitividade do Brasil em relação ao mercado externo, impacta os preços dos insumos e, também, as despesas de trabalhadores do campo que optam por captações em moeda estrangeira.
O produtor ideal é aquele que alia boa gestão financeira a práticas sustentáveis. Bancos e instituições estão valorizando a transparência e a adoção de tecnologias que promovam a eficiência produtiva e a preservação ambiental. Além disso, aqueles com histórico positivo junto aos bancos, incluindo capacidade de endividamento bem dimensionada, estarão em vantagem.
Para o especialista, a principal recomendação é organização. “Ter uma gestão clara, com documentos atualizados e bem catalogados, facilita o acesso ao empréstimo. Além disso, é importante buscar diversificação de receitas e estar atento às exigências ecológicas, que se tornarão ainda mais relevantes. Produtores que investirem em tecnologias para aumentar a eficiência e reduzir o impacto ambiental estarão, com certeza, melhor posicionados”, destaca.
Crédito sustentável
A sustentabilidade deixou de ser uma tendência e tornou-se indispensável no setor. As regulações ambientais agora direcionam os critérios de concessão de financiamento, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Nesse contexto, o agronegócio brasileiro destaca-se por sua crescente adesão a práticas sustentáveis. “Linhas específicas para práticas regenerativas, redução de emissões de carbono e aumento da biodiversidade terão maior destaque”, afirma.
Ainda de acordo com o especialista, instituições que consigam entender o momento que cada agricultor está passando, de forma individual, e dar conforto nas suas renovações de custeio ou alongamento das dívidas com taxas atrativas, estarão à frente.
“O crédito agrícola está em constante transformação e 2025 será um ano de desafios e oportunidades. Os profissionais que estiverem abertos a inovações, alinhados às exigências de mercado e bem organizados terão uma posição estratégica para crescer. A tecnologia será a grande aliada nesse processo, conectando o trabalhador do campo e instituições financeiras de maneira mais eficiente”, finaliza Cardoso.