Qual o futuro dos produtos frescos?
Postado por Valeska Ciré, Country Manager da IFPA no Brasil em 30/09/2024 em ArtigosCiré discute o uso de tecnologias na indústria de produtos frescos, tanto na gestão de supermercados quanto na agricultura
Valeska Ciré, Country Manager da IFPA no Brasil
Vivemos em um mundo impactado pelas mudanças climáticas. Para nós, da indústria de produtos frescos, a IFPA acredita que o futuro do consumo de frutas, flores, legumes e verduras passará por quatro pilares fundamentais: Tecnologia e Inovação, Sustentabilidade e Clima, Tendências de Consumo e Defesa da Indústria.
O mundo vem apostando na Inteligência Artificial (IA) seja em aplicativos culinários que sugerem receitas com base no que está disponível na geladeira com a proposta de reduzir o desperdício e divertidamente resolver a eterna pergunta: "O que temos para o jantar?". Ou seja, nos supermercados, que por sua vez, utilizarão cada vez mais a IA para gerir as compras de alimentos frescos, considerando clima, sazonalidade, comportamento do consumidor e tendências econômicas, reduzindo perdas e otimizando a operação. Até 2025, a IA deverá gerar US$ 113 bilhões em eficiência e novas receitas para o varejo, um crescimento de mais de 400% em menos de dois anos.
No campo, robôs já estão polinizando plantas, detectando doenças e usando IA para automatizar a contagem de frutas durante a colheita, minimizando perdas que, globalmente, representam 14% dos alimentos produzidos. Nos EUA, 38% de todos os alimentos são desperdiçados, o que equivale a US$ 444 bilhões em refeições perdidas.
Um estudo global da IFPA sobre a criação de um futuro resiliente ao clima identificou que a inação diante das condições climáticas extremas é uma das maiores ameaças às sociedades e economias globais. A temperatura em elevação ameaça levar a agricultura além dos limites administráveis, e estamos acompanhando de perto como as nações estão respondendo a esses desafios.
No Brasil, já sentimos as mudanças climáticas no prato dos consumidores. Hoje, 94% dos brasileiros consideram a sustentabilidade muito importante, e 68% associam nossa indústria à sustentabilidade e preocupações ambientais, como poluição, desmatamento e redução de resíduos. Os desafios são complexos em toda a cadeia de abastecimento, mas os consumidores estão mais curiosos do que nunca sobre a origem dos alimentos que consomem.
Há mudanças notáveis no comportamento do consumidor, como o crescimento dos alimentos à base de plantas. Os produtos frescos continuam a ser a dieta ORIGINAL baseada em vegetais nutritivos e seguros. Com 30 milhões de veganos no Brasil, estamos vendo um impulso no consumo de alternativas à carne. Adicionalmente, 42% dos consumidores globais se identificam como flexitarianos, com uma presença marcante da Geração Z, que está cada vez mais evitando produtos de origem animal.
Nosso maior desafio ainda é o baixo consumo de produtos frescos e flores. Esse problema exige uma mobilização ampliada dos membros da IFPA e de aliados estratégicos que podem nos ajudar a ampliar nosso impacto. Nossa pesquisa revelou que a indústria de produtos frescos tem uma reputação positiva e confiável entre consumidores globais, sendo vista como promotora de saúde pública, especialmente em países latino-americanos como o Brasil.
Dados recentes mostram que o mercado de varejo de alimentos no Brasil cresceu 18,7% entre 2021 e 2022, impulsionado pela preocupação crescente dos consumidores com uma alimentação saudável e o preparo de refeições em casa.
A IFPA se compromete a representar incansavelmente os interesses de nossos membros junto a líderes globais, como a ONU, a UE e a OMS, e a influenciar políticas que garantam o acesso a alimentos frescos e saudáveis para todos.
Estamos aqui para transformar o mundo, não apenas para jogar o jogo. Com frutas e legumes no centro de discussões políticas, comerciais e de saúde, o momento de agir é agora.