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Com margens apertadas, produtores recorrem a dados para tomada de decisão

Postado por Bianca Carvalho em 25/11/2025 em Destaque

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Com crédito caro, clima instável e seguro retraído, gestão baseada em dados vira necessidade urgente no campo

Com margens apertadas, produtores recorrem a dados para tomada de decisão

 Paulo Silvestrin, Co-Founder e Desenvolvedor de Negócios da Aegro 

A safra 2025/26 está sob forte pressão financeira para o produtor brasileiro. Segundo estimativa da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), os custos extras de juros para o produtor brasileiro na safra 2025/26, com a Selic a 15%, podem chegar a R$ 58 bilhões. Além disso, projeções climáticas, que indicam riscos como veranicos e altas temperaturas que podem comprometer o desenvolvimento das lavouras. Para driblar esses desafios atuais, a digitalização e a gestão baseada em dados se tornam os principais mecanismos de resiliência econômica no campo. 

A transição para uma gestão orientada por dados está redesenhando a rotina de muitas propriedades, especialmente nas mãos da nova geração. É o caso de Guiverson F. Bueno, produtor rural de Mato Grosso, que implementou em 2018 o Aegro, software de gestão agrícola que centraliza custos, operações, estoque, produtividade e fluxo financeiro da fazenda.

“Quando implementei o Aegro, foi justamente no momento em que tiramos tudo do caderno e da cabeça do meu pai, e passamos para o computador. Os donos, a família, passaram a ter acesso às informações, e isso nos fez crescer. Foi uma virada de chave importantíssima.” conta. 

O processo, segundo ele, envolveu primeiro organizar a casa, separar despesas pessoais do negócio, estruturar contas e consolidar o histórico. Depois de três a quatro anos alimentando a plataforma de forma consistente, a fazenda passou a tomar decisões com base em números, não em percepções.

“Hoje eu sei nossa real saúde financeira. Dá para trabalhar mesmo que haja quebra, porque temos 'gordura para queimar'. Isso traz segurança antes de qualquer negócio”, explica. Para o produtor, projetar cenários reais com base em dados é o que permite investir com segurança em um ciclo de juros altos, evitando riscos desnecessários e dando longevidade ao negócio — algo que, segundo ele, explica por que produtores que se alavancaram com gestão há 5, 10 ou 15 anos hoje são grandes referências no campo. 

Compare Safra orienta decisões e reforça o valor da gestão

À medida que mais propriedades passaram a registrar custos, operações e resultados dentro do Aegro e a tomar decisões com base em dados, a companhia entendeu que o próximo passo seria entender o desempenho da fazenda em relação aos pares da região. Essa necessidade apareceu com força nas conversas com clientes, o que levou a agtech a criar o Compare Safra, disponibilizado no início de 2025.

Segundo Paulo Silvestrin, Co-Founder é Desenvolvedor de Negócios da companhia, os clientes tinham dúvidas recorrentes e, ao final da safra, com todos os resultados registrados no sistema, faltava um parâmetro de referência. “O produtor se perguntava, por exemplo: produzi 60 sacas, isso é bom ou ruim? Meu custo foi R$ 5 mil por hectare, estou acima ou abaixo da região? Gastei R$ 300 de fungicida, mas e os outros?".

Para preencher essa lacuna, a companhia estruturou o Compare Safra como um módulo adicional dentro da plataforma. A ferramenta compara a performance da propriedade com a média regional e também com as 'Top Fazendas', um grupo dos 20% mais rentáveis por hectare. A partir dali, o produtor consegue enxergar quem acertou, como acertou e onde pode ajustar sua operação. Os indicadores incluem produtividade, preço de venda, receita total, custo operacional, ponto de equilíbrio em sacas, lucro bruto, lucratividade e análises históricas das últimas safras. 

Com dados calibrados inicialmente para soja e milho, o sistema também detalha custos de máquinas, manutenção, diesel, mão de obra e insumos, especialmente fertilizantes que hoje são o item de maior peso na conta de produção.  

A ideia é continuar incrementando o Compare Safra ao longo de 2025 e 2026. Hoje ele já dá um direcionamento claro sobre para onde ir e como ajustar a operação. Nosso objetivo é que os clientes tenham um diferencial competitivo real, tomem decisões mais assertivas e construam lavouras mais rentáveis”, conta Silvestrin. 

 Paulo Silvestrin, Co-Founder da companhia e responsável pelo desenvolvimentos de produtos

Maurício Schneider, novo CEO da Aegro

Aegro anuncia nova liderança e prepara estrutura para expansão em 2026 

No início de novembro, a agtech passou por uma reorganização interna para apoiar o crescimento da base de clientes. A companhia anunciou a chegada de Maurício Schneider como novo CEO. Profissional com extensa trajetória no agronegócio e que já atuava como investidor e membro do conselho na companhia, sua missão é conectar estratégia e execução, levando para dentro da operação a visão de quem vive o agro na ponta, com foco em ganhar escala.

“Para 2026, estamos apostando em alguns caminhos. O primeiro é trabalhar a base de clientes que já temos — cerca de 5 mil fazendas — e melhorar o produto principalmente para aquele perfil típico da base da Aegro que são produtores de 1 a 5 mil hectares”, explica Schneider. 

Uma das etapas desse movimento foi a reestruturação da área de Sucesso do Cliente, com revisão de processos, maior proximidade com usuários e criação de rotinas de acompanhamento mais aderentes à realidade das propriedades. A proposta é garantir que cada produtor extraia valor máximo da plataforma, desde a organização inicial dos dados até o uso avançado de análises como o Compare Safra. 

“Temos escutado muito os clientes e desenhado um mapa de melhorias da plataforma com base neles. Estamos aprimorando bastante o produto para esse público que já extrai muito do Aegro. Voltamos todo o desenvolvimento para melhorias internas da plataforma e funcionalidades básicas”, conta Schneider. 

Um dos exemplos de apromiramentos citados pelo CEO é a automação da coleta de notas fiscais de serviço. Atualmente, a plataforma já captura e concilia automaticamente as notas de produtos, agora a companhia trabalha para integrar também as notas fiscais de serviço, ampliando o nível de automação e reduzindo tarefas operacionais na rotina das fazendas.  

Schneider conta também que a agtech está entrando em uma jornada de franquias com parceiros que já têm relacionamento e a confiança do produtor, como empresas de agricultura de precisão, revendas e concessionárias de máquinas. Esses parceiros já estão na ponta, e podem ajudar o produtor a ter uma gestão melhor. “Queremos estar mais próximos por meio desses profissionais que entendem do agro e levar a ferramenta até o produtor", compartilha.

O movimento da companhia para fortalecer o produto e ampliar a proximidade com o campo acontece justamente em um momento de pressão sobre margens e maior necessidade de precisão nas decisões. "Antes ele [ o produtor rural] errava, mas tinha margem, dava um jeito. Agora não tem mais. E há escassez de liquidez, porque não é só o Plano Safra: os juros estão muito altos e há pouco dinheiro disponível. Estamos nessa confusão — se o produtor não se organizar e não fizer conta, a situação piora", explica o CEO.

Segundo o CEO, a busca por resiliência tem guiado o desenvolvimento do Aegro. “Nosso foco é entregar dados que realmente orientem a tomada de decisão no momento em que isso mais importa”, finaliza.

 

Postado por Bianca Carvalho em 25/11/2025 em Destaque