Aplicativo orienta gestão da água em propriedades familiares do Semiárido
Postado por Redação em 09/12/2025 em NotíciasTecnologia facilita a identificação de áreas com potencial para sua implantação e indica o tipo mais apropriado de estrutura
Barragem subterrânea em São José da Tapera (Alagoas). Foto: Fernando Gregio
A Embrapa Solos (RJ), em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), sob liderança da Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento de Recife (UEP Recife), desenvolveu o aplicativo GuardeÁgua, que auxilia na identificação de áreas apropriadas à construção de barragem subterrânea e de sugestões gerais de práticas de manejo do solo e da água, bem como opções de cultivos apropriados aos locais de plantio. Já disponibilizado para famílias agricultoras do Semiárido brasileiro e técnicos extensionistas, o lançamento oficial do produto, disponível gratuitamente na loja virtual do Google, será no dia 10 de dezembro, no Sertão alagoano.
O aplicativo está disponível para Android, na versão beta, além de contar com uma plataforma na versão web. A tecnologia recebeu aporte financeiro do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e fará parte das políticas públicas voltadas para a segurança alimentar, assistência social e redução da pobreza no Semiárido desenvolvidas pela pasta.
Lançamento no Sertão alagoano
A cerimônia de lançamento contará com representantes do MDS, Embrapa e ASA. Agricultores adotantes da barragem subterrânea terão participação central no evento, com depoimentos e troca de saberes.
Famílias agricultoras e técnicos de extensão rural participam de uma capacitação no uso da plataforma GuardeÁgua, composta pelo aplicativo e plataforma website. A atividade será realizada no Sítio Bananeira, em São José da Tapera (AL). Na quinta-feira (11/12), uma caravana do saber segue para o Sítio Cachoeirinha, na mesma cidade, onde acontece outra sessão de capacitação, a partir das 9 horas.
“Ver essa iniciativa se concretizar é motivo de orgulho para o MDS. O aplicativo é resultado de uma parceria sólida, construída com diálogo, conhecimento técnico e profundo respeito ao saber das comunidades. Ele representa um avanço significativo na política pública de convivência com o Semiárido e reforça o nosso compromisso com ações que promovem autonomia, dignidade e melhoria de vida para as famílias”, reforça afirma o coordenador-geral de Acesso à Água da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) do MDS, Vitor Santana.
“O aplicativo GuardeÁgua é uma ferramenta que reforça o compromisso do MDS com a promoção da segurança hídrica e do desenvolvimento sustentável no Semiárido brasileiro. Financiar o seu desenvolvimento foi uma decisão estratégica, pois acreditamos no potencial dessa tecnologia para fortalecer o trabalho de técnicos e agricultoras e agricultores familiares, garantindo informações precisas, planejamento mais eficiente e melhores condições para a construção de barragens subterrâneas, que é uma das tecnologias apoiadas no âmbito do Programa Cisternas”, enfatiza Santana.
A barragem subterrânea é uma tecnologia social hídrica já consolidada e que facilita a convivência com a seca ao garantir umidade no solo para plantio durante boa parte do ano. Porém, nem todo local é apropriado para a sua construção, e identificar um ponto realmente adequado pode ser um desafio, sobretudo porque nem sempre há condições técnicas que auxiliem nesse processo. O aplicativo GuardeÁgua foi criado justamente para permitir que técnicos e agricultores tenham em mãos uma ferramenta que torne mais assertivo o processo de identificação de áreas com potencial para implantação, além de sugerir o tipo e o modelo mais apropriados de estrutura.
“O GuardeÁgua também fornece sugestões sobre o manejo da água, do solo e de cultivos agrícolas compatíveis com as características da área avaliada, cabendo à família agricultora, em parceria com os técnicos, decidir o que é melhor para ela. Dessa forma, o aplicativo contribui para o uso eficiente dos recursos naturais e para o fortalecimento da segurança hídrica e alimentar, especialmente em regiões semiáridas”, explica Flávio Adriano Marques, pesquisador e coordenador técnico da Embrapa Solos UEP Recife.
Respostas a partir de dados
Os especialistas explicam que os dados de entrada para o funcionamento do aplicativo referem-se ao solo (textura e profundidade), rocha, declividade, qualidade do solo e da água (salinização), localização da propriedade em relação à nascente e vegetação. “Com essas informações cadastradas corretamente, o GuardeÁgua é uma excelente ferramenta para planejamento da propriedade rural em locais de instabilidade hídrica, tornando a convivência com a seca mais saudável e produtiva”, explica Alexandre Barros, pesquisador da Embrapa Solos.
“O aplicativo automatiza uma resposta importante sobre a viabilidade ou não de instalação de uma barragem subterrânea na propriedade rural. Antes dele, muitas vezes, a resposta sobre a viabilidade era fornecida com base no bom senso dos técnicos e técnicas ou agricultores e agricultoras. Agora, essa decisão pode ser lastreada em informações técnicas, evitando instalar essa tecnologia social hídrica em locais inadequados, que levava a prejuízos materiais e de tempo, além de frustação da família”, complementa Antonio Gomes Barbosa, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da ASA.
Os pesquisadores da Embrapa lembram que o aplicativo GuardeÁgua complementa o zoneamento das áreas potenciais para construção de barragens subterrâneas no Sertão de Alagoas (ZonBarragem) existente desde 2019, e que fornece informações sobre a viabilidade de instalação de barragens subterrâneas em nível de planejamento regional (escala 1:100.000) para 38 municípios alagoanos. “O app GuardeÁgua fornece o mesmo tipo de informação, só que em uma escala da propriedade rural, permitindo que o agricultor ou técnico possa tomar a decisão de instalar ou não uma barragem subterrânea em seu sítio. E o aplicativo pode ser utilizado em todo o Semiárido brasileiro”, detalha Barros.
O aplicativo passou por testes de validação com técnicos e agricultores nos estados de Alagoas (municípios de Mata Grande e Santana do Ipanema), Rio Grande do Norte (Riachuelo e São Paulo do Potengi), Pernambuco (Pesqueira, Arcoverde e Sertânia) e Paraíba (Remígio, Soledade e Solânea).








