Agricultura 4.0: A revolução verde e seus desafios
Postado por Renato Campos, diretor da Motocana em 08/04/2024 em ArtigosRenato Campos fala sobre como a Agricultura 4.0 está contribuindo para aumentar a eficiência e a produtividade no campo
Renato Campos, diretor da fabricante de equipamentos agrícolas Motocana
O surgimento de novas tecnologias está redesenhando os campos e alterando fundamentalmente a forma como os agricultores cultivam suas terras. Essa revolução, conhecida como Agricultura 4.0, está otimizando tarefas, aumentando a eficiência e impulsionando a produtividade de uma maneira nunca antes vista. Extremamente lucrativo, estima-se que este mercado deve crescer 25,5% ao ano até 2026.
Desde tratores autônomos até drones de monitoramento de cultivos, essas tecnologias estão revolucionando a maneira como as operações da colheita são realizadas. Os tratores autônomos estão se popularizando nos campos agrícolas em todo o mundo. Equipados com sistemas avançados de GPS e sensores, esses veículos podem operar de forma independente, realizando tarefas como arar, plantar e colher sem a necessidade de intervenção humana direta. Isso não só reduz os custos de mão-de-obra, mas também aumenta a precisão e a eficiência das operações agrícolas.
Outra inovação são os robôs de colheita, que auxiliam no cultivo de frutas aos grãos com uma precisão e eficiência impressionantes. Ao automatizar o processo, esses dispositivos ajudam a reduzir a dependência de mão-de-obra sazonal e garantem uma colheita mais rápida e eficiente.
A agricultura 4.0 também permite a redução dos custos operacionais e o desperdício de recursos. Ao mesmo tempo, estão permitindo que os agricultores produzam mais alimentos de forma sustentável, fazendo com que em alguns casos ocorra uma redução de 70% no uso de fertilizantes no solo, por ser capaz de antever e minimizar a reprodução de pragas, vantagens que a longo prazo ajudam na mitigação do impacto ambiental.
Apesar dos muitos benefícios, a adoção generalizada de tecnologias de automação e robótica na agricultura ainda enfrenta alguns desafios. Questões como custo inicial elevado, interoperabilidade entre diferentes sistemas e capacitação para a operação desses maquinários precisam ser abordadas para garantir uma transição suave para a Agricultura 4.0, afinal não podemos ignorar o impacto socioeconômico da automação, especialmente no que diz respeito ao emprego rural.
Tendo em vista que para operar máquinas tão complexas é necessária uma capacitação e um manejo técnico que nem todos os agricultores irão dispor, o que deve encarecer bastante a mão de obra. Há ainda a questão da conectividade, a “inteligência” por trás dessas máquinas está na sua capacidade sem igual em coletar e armazenar dados e com isso desenvolver estatísticas que geram esses resultados promissores, todavia sem o acesso à internet, nada disso será possível.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Agricultura e a associação Conectar Agro, a falta de conectividade ampla atinge mais de 70% das grandes propriedades rurais brasileiras, o que explica a necessidade de políticas e incentivos públicos que possam ampliar o acesso às redes móveis nessas áreas.
A Agricultura 4.0 já é uma realidade, que não é acessada por todos, é verdade, mas que a longo prazo podem trazer resultados promissores, tanto para o setor agrícola, quanto para a população que vive no campo e irá ver de perto o potencial dessas transformações.