Empresa de couro usa geomonitoramento e blockchain para rastrear cadeia produtiva
Postado por Redação em 17/10/2024 em NotíciasA empresa tem implementado sistemas de rastreabilidade que garantem a conformidade socioambiental na cadeia produtiva
Gerente de sustentabilidade da Durlicouros, Ivens Domingo, em evento na Itália
A Durlicouros, empresa do setor de couro no Brasil, utiliza tecnologias, como geomonitoramento e blockchain, para monitorar individualmente cada peça de couro, identificando desde a fazenda de origem até o produto final.
Durante o Leather Working Group( LWG) Stakeholder Meeting, evento da maior certificação do mercado global de couro, realizado em Milão em setembro, a companhia foi elogiada por seu projeto de rastreabilidade indireta, que conecta o couro desde a fazenda de nascimento do animal até o cliente final. A empresa apresentou suas iniciativas de rastreabilidade total e sustentabilidade no contexto da nova legislação de desmatamento da União Europeia (EUDR), aprovada em 2023, que busca combater o desmatamento global e a degradação florestal, impondo responsabilizações rigorosas às empresas que comercializam produtos no mercado europeu.
Um dos principais objetivos da EUDR é garantir que produtos como couro, carne bovina, soja, óleo de palma e café não estejam associados a práticas de desmatamento, exigindo a implementação de um processo de rastreabilidade eficaz. Nesse contexto, a empresa já tem implementado sistemas de rastreabilidade que garantem a conformidade socioambiental em toda a cadeia produtiva.
O processo facilita em partes a adaptação à nova legislação da União Europeia; grandes empresas devem estar em conformidade até com todas as exigências da Comissão Europeia em relação à sustentabilidade.
Ivens Domingos, gerente de sustentabilidade da companhia, explica que essa exigência representa altos custos operacionais para as empresas do setor. “As maiores empresas do mercado brasileiro, incluindo a Durlicouros, já têm iniciativas neste sentido. Para as menores, o desafio é gigante”, afirma.
“Além disso, a legislação introduz uma avaliação de risco dos países de origem, o que pode impactar diretamente as condições de importação. A expectativa é que o Brasil seja classificado como de alto risco. Isso poderá afetar as exportações brasileiras, visto que aproximadamente 80% do couro produzido no país é destinado ao mercado externo, com a Europa sendo um dos principais compradores”, diz o executivo.
Para Ivens, apesar da intenção positiva da nova legislação, é fundamental que haja apoio às cadeias produtivas. Caso contrário, pode haver um desvio de negócios para mercados como a China, além de aumentar as vendas ilegais e prejudicar as iniciativas de sustentabilidade, podendo causar inclusive uma depreciação nos preços de vendas, uma vez que o mercado europeu ficaria fora.
“Já desenvolvemos transformações em sustentabilidade por meio de um sistema de rastreabilidade que oferece transparência e confiança para os clientes globais. A empresa está trabalhando para escalar esse modelo, que permitirá a rastreabilidade da origem de todos os couros em um pallet com a leitura de um código de barras. Esses avanços tecnológicos são fundamentais para garantir que os produtos atendam aos padrões exigidos pelo mercado internacional e para fortalecer nossa posição em um cenário global cada vez mais competitivo”, finaliza.