C4IR e CV divulgam lista de diretrizes para rastreabilidade digital de alimentos
Postado por Redação em 29/02/2024 em NotíciasPara pequenos e médios produtores rurais a rastreabilidade digital ainda é incipiente
Divulgação/Freepik
A lista de “Recomendações de Políticas Multissetoriais para Rastreabilidade Digital na Cadeia de Alimentos” foi divulgada pelo Centro para a Quarta Revolução Industrial no Brasil (C4IR) e a Climate Ventures (CV).
O documento é fruto de cerca de dois anos de trabalho e envolveu a interação com mais de 100 participantes, entre associações de setor, governo, empresas, startups, academia e sociedade civil. O material marca a finalização da primeira fase do “Lab de Inovação em Rastreabilidade”.
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Os benefícios da rastreabilidade na cadeia de alimentos podem ser múltiplos, conforme analisa a especialista em sustentabilidade da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, Carina Lins. “A rastreabilidade pode chegar ao lote e outros níveis de informação, dependendo dos dados compartilhados, e permitem o acompanhamento dos produtos de ponta a ponta”, conta Carina.
Mas para que os resultados aconteçam da forma esperada, é fundamental que algumas recomendações sejam seguidas. Entre elas, estão sugestões como o aprimoramento dos programas de dados abertos do Governo Federal e a integração de bases para rastreabilidade digital, e a coordenação da regularização do processo de coleta do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em nível nacional.
Recomenda-se também a coordenação nacional entre entidades de apoio técnico no Brasil, envolvendo órgãos como ANATER, SENAR, SEBRAE, Embrapa e cooperativas e a adaptação de programas de assistência técnica para incluir suporte direto à implementação da rastreabilidade digital, ao abranger tópicos como custo-benefício, segurança de dados e escolha de tecnologias.
Além disso, esse novo trabalho visa trazer mais segurança ao compartilhamento de dados, tema que traz bastante preocupação entre os players envolvidos.
“Quando olhamos o produtor, existe o receio de entregar dados, e há necessidade de saber para quem serão compartilhados. Por isso, nossa sugestão é de que o Ministério da Agricultura faça essa gestão”, pontua o coordenador de produção animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Paulo Silveira.
Para pequenos e médios produtores rurais a rastreabilidade digital ainda é incipiente
Embora a rastreabilidade ganhe cada vez mais importância nas cadeias produtivas, dados do EMBRAPA, SEBRAE e INPE de 2020 indicam que apenas 33% dos agricultores brasileiros demonstram interesse em iniciar ou fortalecer processos de certificação e rastreabilidade.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a agricultura familiar no Brasil gera um faturamento de R?107 bilhões, o que representa 23% da produção agropecuária do País, com 77% dos estabelecimentos agrícolas e 23% da área agropecuária. Ou seja, para pequenos e médios produtores rurais, que representam uma parte significativa do mercado nacional, a rastreabilidade ainda é incipiente.
Mas apesar das dificuldades, este é um caminho sem volta, segundo prevê Silveira.“A rastreabilidade é uma realidade e uma exigência do mercado que é soberano. Então vai acontecer”, comenta.