Tecnologias da Embrapa ajudam famílias a manejar castanha com sustentabilidade
Postado por Redação em 02/09/2025 em NotíciasUm dos pilares da iniciativa é o uso do Netflora, tecnologia desenvolvida pela Embrapa, que utiliza drones e Inteligência artificial
Pesquisador Luciano Ribas, responsável pela atividade no projeto. Divulgação: Embrapa
Em uma aliança estratégica para a valorização da castanha-da-amazônia e a mitigação do desmatamento, o Projeto Rio Madeira- iniciativa de REDD+ (Redução de emissões provenientes do desmatamento e da degradação florestal)- estabeleceu parceria com a Embrapa Acre. Um dos pilares da iniciativa é o uso do Netflora, tecnologia desenvolvida pela Embrapa, que utiliza drones e Inteligência artificial.
A colaboração abrange 52 mil hectares entre Rondônia e Amazonas e atua em duas frentes principais: gestão florestal e fortalecimento da cadeia produtiva da castanha-da-amazônia (castanha-do-brasil ou castanha-do-pará).
Com o uso do Netflora, pesquisadores já realizaram inventário de 26 mil hectares de floresta e identificação de 27 mil castanheiras e 23 espécies florestais na área do projeto. A Embrapa oferece também capacitação técnica aos extrativistas, incentivando boas práticas de coleta de castanha-da-amazônia e o uso de tecnologias para uma gestão mais eficiente dos castanhais.
Ancorado na bioeconomia da região, o projeto atribui a floresta em pé um valor que vai além do ambiental e incorpora também dimensões econômicas e sociais. “Ao promover a conservação dos castanhais e a coleta sustentável, por meio de um acordo com os proprietários da área, os extrativistas passam a integrar uma cadeia produtiva de base florestal, que também contribui para a redução de emissões de gases de efeito estufa”, destaca Jessica Guin, coordenadora da Future Climate, empresa responsável pela gestão dos créditos de carbono nas fazendas. Em contrapartida, os extrativistas são beneficiados por ações estruturantes como capacitações, melhorias logísticas e valorização do trabalho na coleta da castanha.
O programa de geração de crédito de carbono do Projeto Rio Madeira começou em 2019, com um período de execução previsto para 30 anos e a estimativa é que vai evitar a geração de 15 milhões de toneladas de carbono na atmosfera. O manejo dos castanhais e a presença dos coletores na atividade, em uma área de projeto REDD+ privado é de grande importância. “São eles que conhecem essa região como ninguém, têm uma relação ancestral com os castanhais e agora passam a ser reconhecidos também como guardiões da floresta em um modelo que une conservação e geração de renda”, avalia Jéssica.
Mapeamento das trilhas
O mapeamento detalhado das castanheiras gerado com as imagens obtidas pelo Netflora é fundamental para aprimorar o manejo dos castanhais e orientar as ações de conservação. Os mapas gerados foram disponibilizados em aplicativo de mapa offline para smartphones. Os coletores foram capacitados para usar o “app” que permite navegar e coletar dados em áreas remotas sem conexão com a internet. “Essas informações possibilitam melhorar a organização da coleta e, futuramente, até garantir a rastreabilidade da castanha, desde a floresta até o consumidor final”, destaca o pesquisador Luciano Ribas, responsável pela atividade no projeto.
Segundo o pesquisador, com as informações que a tecnologia oferece aumenta o potencial de ganho financeiro dos extrativistas, com o mesmo esforço de trabalho. Além de orientar de forma mais precisa os limites das áreas de coleta de castanha das famílias, o aplicativo permite que os extrativistas visualizem as trilhas já usadas e outras árvores próximas ainda não exploradas.