Ferramenta promete ganhos de produtividade superiores a 25%

Reprodução

A Smartbreeder, agtech brasileira que utiliza Inteligência Artificial (IA) aplicada à agricultura, desenvolveu uma solução que promete reinterpretar a genética agrícola a partir da combinação entre dados e IA. Batizada como Novo Código Genético, a solução foi desenvolvida a partir do aprendizado decorrente de bilhões de informações colhidas em aproximadamente 4 milhões de hectares e 10 safras de cana-de-açúcar.

Os projetos-piloto, já realizados em mais de 2 milhões de hectares, apontaram para ganhos superiores a 25% em termos de produtividade, uma vez que o uso da IA expandida permitiu a seleção e alocação automática da melhor variedade genética para cada talhão dessa cultura.

“É um momento histórico para o agronegócio brasileiro, porque o “Novo Código Genético” vai inaugurar a era da genética digital e da inteligência expandida no campo”, afirma Dr. Éder Giglioti, fundador e CEO da Smartbreeder. Nesta nova solução, a empresa investiu ao redor de R$ 15 milhões.

“O Novo Código Genético é a tradução moderna dos subconscientes de Mendel e Fisher”, completa o fundador. Gregor Mendel foi um monge e cientista austríaco, considerado o pai da genética, depois de realizar experimentos com ervilhas; já Ronald A. Fisher foi um estatístico, geneticista e biólogo britânico considerado um dos fundadores da estatística moderna e da genética quantitativa, pilares da pesquisa científica até hoje.

Apesar dos testes terem sido realizados na cultura de cana-de-açúcar, a tecnologia está pronta para ser utilizada em outras frentes. Soja, milho, algodão, florestas e citrus são os focos iniciais, uma vez que está pronto para a escala massiva.

Giglioti explica que o projeto precisou combinar diversas plataformas proprietárias da empresa para sair do papel, como Redi@Agro, DataOcean, Smartbio e Cultivars.AI. Juntas, elas formam um Ecossistema de Agro-Digital para otimizar a performance de cultivares, além de terem sido inseridas em uma rede de Avatares de Inteligência Artificial. 

Funcionamento

Inspirada nos princípios de Mendel e Fischer, a tecnologia desenvolvida pela Smartbreeder percorre um processo que vai da coleta de dados em talhões de cana-de-açúcar à identificação do genoma mais adaptado a cada ambiente. Essa jornada envolve análise genética, manejo de dados e integração de diferentes recursos tecnológicos.

O avanço foi possível por meio da Plataforma Smartbio, sistema central de desenvolvimento da empresa. Essa tecnologia conecta e coordena o aprendizado dos avatares inteligentes, permitindo que dados do campo sejam processados de forma colaborativa e especializada.

Com base nessa plataforma, milhões de informações genéticas, ambientais e de manejo são analisadas e convertidas em conhecimento preditivo, transformando o campo em um ambiente de experimentação contínua.

Outro componente é o Cultivars.AI, que atua como ponto de convergência da inteligência agrícola. “É nessa etapa que os algoritmos da Plataforma Smartbio encontram os dados do DataOcean e interpretam as respostas da REDI@AGRO, transformando tudo em decisões práticas de campo”, explica.

Essas ferramentas trabalham de forma integrada para consolidar e interpretar padrões de comportamento varietal considerando características de solo, clima, ambiente e manejo. O objetivo é antecipar possíveis estresses e resultados, além de gerar recomendações práticas e sustentáveis para o manejo varietal.

Nesse processo, o Avatar Melhorista atua como coordenador do subgrupo genético da Orquestra de Avatares. Ele se conecta à Plataforma Smartbio e ao Cultivars.AI, recebendo parâmetros de desempenho varietal e atualizando continuamente a base genética e experimental.

Um diferencial do sistema é sua capacidade de aprendizado bidirecional. Ele interage com os usuários por meio de interfaces explicáveis, relatórios interpretativos e painéis cognitivos. “É o professor e o aprendiz em contato, perpetuando o ciclo virtuoso da agricultura inteligente”, destaca o CEO da Smartbreeder.

De acordo com a empresa, o Novo Código Genético representa uma evolução do conceito de agro preditivo para agro cognitivo, em que a agricultura passa a aprender e aperfeiçoar-se a partir da experiência. “Estamos diante de uma revolução que une o brilho da ciência humana à inteligência das máquinas. Porque o Novo Código Genético é a harmonia perfeita entre dados, conhecimento e resultados reais.”