Segurança do trabalhador não é prioridade: é valor
Postado por Fernando Nogueira, VP de Operações de Manufatura AGCO América do Sul em 17/12/2025 em ArtigosAutor defende que segurança do trabalhador deve ser tratada como valor cultural, unindo tecnologia, liderança e cuidado com as pessoas
Fernando Nogueira, VP de Operações de Manufatura AGCO América do Sul
Quando falamos em segurança no ambiente industrial, muitas vezes o olhar recai apenas sobre as práticas de prevenção de acidentes no chão de fábrica. No entanto, a segurança é muito mais do que um protocolo, envolve cultura organizacional, comportamento coletivo e inovação tecnológica.
Em um contexto em que a automação avança, os riscos se transformam e a busca por produtividade é constante, as empresas que se destacam são aquelas que entendem que cuidar das pessoas é parte da inovação. A verdadeira Indústria 5.0 talvez não esteja apenas nas máquinas inteligentes, mas na forma como cultivamos ambientes mais humanos, seguros e sustentáveis.
O conceito de EHS - Environmental, Health and Safety (Meio Ambiente, Saúde e Segurança) vem ganhando força justamente por integrar o cuidado com as pessoas, o ambiente e o negócio em uma mesma lógica de responsabilidade. Mais do que evitar acidentes, trata-se de construir ambientes seguros, saudáveis e conscientes, onde cada colaborador entende que a segurança não é apenas individual, mas coletiva.
No setor industrial, temos o desafio constante de unir produtividade e proteção. Por isso, iniciativas que transformam o olhar sobre segurança são tão valiosas. Um exemplo é o programa AGSAFE, da AGCO, que consolidou uma jornada de transformação cultural na companhia. A meta é alcançar uma cultura de interdependência, em que cada pessoa se sente responsável por si, pelo outro e permite ser cuidada.
Essa transformação não se impõe, se constrói. O caminho passa por lideranças preparadas, autonomia dos colaboradores e inovação constante. Pequenas rotinas em que líderes dedicam minutos diários para discutir temas de segurança e bem-estar, são exemplos simples e eficazes de como o diálogo cotidiano molda atitudes.
Outro passo importante é reconhecer que segurança vai além das fábricas. Ela está na ergonomia de um escritório, na condução de um veículo a serviço da empresa ou no desenvolvimento de um novo produto. O avanço tecnológico tem um papel essencial nessa jornada. Ferramentas como o Velocity, que usa inteligência artificial para avaliar posturas e riscos ergonômicos, mostram que inovação e cuidado podem andar juntos. Robôs de solda, inspeções com drones e sistemas de teste automatizados eliminam a exposição humana a riscos e reforçam que tecnologia também salva vidas.
No entanto, o ponto mais transformador é o humano. Conversar sobre segurança é, no fundo, conversar sobre comportamento, disciplina e empatia. É compreender que o “acidente zero” é um reflexo da maturidade de uma cultura que aprende, se adapta e se importa.
Em um mundo cada vez mais automatizado, o verdadeiro diferencial não está apenas nas máquinas inteligentes, mas nas pessoas conscientes. E talvez o maior sinal de evolução organizacional não seja a tecnologia que adotamos, mas o cuidado com que protegemos quem a opera.








