Aplicativo usa inteligência artificial para controle de verminose em ovinos
Postado por Redação em 20/10/2025 em NotíciasInteligência artificial evita erros de leitura, comuns no método tradicional baseado na avaliação e observação humanas
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A Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolveu uma a ferramenta para que produtores de ovinos possam intensificar o controle da verminose, doença que pode chegar a provocar 30% de mortalidade dos animais infectado.
O aplicativo, chamado StopVerme, já está disponível para celulares de usuários do sistema Android. A tecnologia analisa imagens da mucosa ocular do animal, captadas pela câmera do celular, e identifica se ele está com grau avançado de anemia, um dos principais sintomas de infecção parasitária.
Inteligência artificial identifica anemia nos animais
Segundo o pesquisador Marcel Teixeira, da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), da equipe que desenvolveu o aplicativo, a tecnologia opera de forma semelhante à técnica tradicional de exame da coloração da mucosa ocular por meio do cartão Famacha. A diferença está, especialmente, no uso de inteligência artificial para análise das imagens e potencial para resolver dois problemas: a baixa disponibilidade desse cartão no Brasil e possíveis erros de leitura da mucosa causados pela subjetividade do manejador.
“Buscamos minimizar, com o aplicativo, a questão da subjetividade do olho humano. A inteligência artificial tem a vantagem de aprender com novos dados. Com isso, a cada captura de imagem, ela vai se aperfeiçoando. A gente espera que a acurácia e a sensibilidade do método sejam, com o tempo, melhoradas. E ele estará disponível com instruções, tutoriais, informações para facilitar seu uso”, destaca o pesquisador.
Para Teixeira, o aplicativo pode ainda, colaborar, de forma mais efetiva, com a seleção dos animais que realmente necessitam de vermifugação. Isso deve evitar a prática, ainda comum, de aplicação indiscriminada desses medicamentos em todo o rebanho, o que pode, no longo prazo, favorecer a resistência dos parasitas aos vermífugos disponíveis no mercado. “O nosso objetivo no desenvolvimento da ferramenta é massificar um controle seletivo, reduzir o uso das drogas no tratamento e evitar esses problemas com resistência”, conta o cientista.
O pesquisador da Embrapa Selmo Alves, que também integrou a equipe do StopVerme, ressalta que essa primeira versão contou com estratégias para garantir boa acurácia, como a comparação das leituras de mucosa realizadas com exames de sangue dos mesmos animais. Com isso, foi possível verificar se os graus de anemia eram, de fato compatíveis.
Também foi observado o envolvimento de extensionistas e agricultores nos testes preliminares do manuseio do aplicativo. “Na última fase, estivemos em 65 propriedades, incluindo animais de diferentes raças ovinas, como Somalis, Santa Inês e mestiços, incluindo em torno de 35 a 40 técnicos, além de alguns produtores na atividade. Essas pessoas testaram o aplicativo e o consideraram de uma aplicabilidade e facilidade muito grande”, destaca Alves.
Uma dessas usuárias dos testes preliminares foi Helena Oliveira, médica-veterinária da Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Uruoca (CE), que confirmou a percepção de facilidade de acesso às funcionalidades do StopVerme. “A impressão que tive é de que o aplicativo é extremamente fácil de utilizar, tanto para os técnicos quanto para os produtores. Sua proposta é ser simples e prático, com uma interface que facilita a compreensão, até mesmo para aqueles que não possuem familiaridade com a leitura”, avalia ela.
Os testes preliminares em campo para desenvolvimento do aplicativo contaram também com a colaboração de técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) do Ceará, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) e de outras prefeituras cearenses.