Tecnologia utiliza inteligência artificial para diagnosticar mastite, doença comum em rebanhos leiteiros, em até 24h

Reprodução Rúmina

Uma metodologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros, com suporte da Inteligência Artificial (IA) ganhou reconhecimento internacional ao ser destacada em um artigo publicado na revista científica Nature. A ferramenta alcançou um nível de precisão de até 98% em análises de imagens de mastite, doença comum em rebanhos leiteiros.

A mastite, caracterizada pela inflamação das glândulas mamárias das vacas, tem impacto direto na qualidade e na produção de leite. Com a solução pioneira, viabilizada através do minilaboratório da solução OnFarm, o tempo do processo de diagnóstico que levaria de 10 a 15 dias foi reduzido para 24 horas.

Esse avanço tecnológico promete revolucionar o manejo da saúde dos rebanhos leiteiros, permitindo uma detecção precoce e eficaz da doença, e, consequentemente, garantindo a produção de leite de alta qualidade.

“A inteligência artificial da Rúmina, chamada Rúmi, que é a base da solução OnFarm, foi treinada e validada por um time de especialistas utilizando um banco de dados com mais de mil imagens com o objetivo de auxiliar, padronizar e acelerar o processo de leitura de resultados, além de reduzir os erros de interpretação por pessoas iniciantes no diagnóstico”, destaca um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, o PhD em Ciência dos Laticínios pela USP e gerente de Produto e Inovação da Rúmina, Cristian Martins. 

A intervenção rápida e precisa na identificação do agente causador da mastite pode reduzir entre 30% e 50% a necessidade de antibióticos. Isso se deve ao fato de que, dependendo do microrganismo responsável, o uso desses medicamentos pode ser dispensado, evitando assim o emprego indiscriminado de fármacos e o desperdício alimentar, que resultaria no descarte de leite.

Para ilustrar o impacto desse avanço, o pesquisador destaca o caso de um animal com uma média produtiva de 25 litros de leite por dia, submetido a um tratamento que demanda o uso de antibióticos."Durante esse período, a perda estimada seria de aproximadamente 1.750 litros de leite, representando um grande prejuízo tanto para o produtor quanto para a sociedade como um todo", afirma Martins. Ele ressalta que é comum que de 10% a 15% das vacas de um rebanho adoeçam mensalmente, evidenciando a importância da detecção precoce e eficaz da mastite para a sustentabilidade econômica e ambiental da produção leiteira.